Autoria
Júlia Almeida
Se a noção de espaço foi a grande chave de leitura do século XX, o conceito de paratopia de Dominique Maingueneau, na virada do século XXI, reafirma um certo paradigma do pensamento pós-estruturalista em que as noções de fronteira, entrelugar, liminaridade e franjas têm destaque interpretativo. Sua singularidade reside em fazer da fronteira o impossível lugar de gestação de comunidades de artistas e modalidades de discurso, paradoxalmente instados a se inscrever no mundo pelas mãos de um sistema institucional e autoral, ao mesmo tempo em que se afastam do que é deles esperado para inventar as condições de sua própria criação. O livro conceitua e analisa dois regimes de criação literária: a paratopia das escritoras revolucionárias da década de 30 e a paratopia espacial das narrativas de deslocamento da diáspora afro-brasileira.